Sonho de uma noite de verão*
Ou então noite de sonho em pleno verão! O importante é que foi à noite e foi no verão, ou então não foi nada disso e não passou de um sonho!
A noite de Lisboa está cada vez mais florida, ela (a noite) tem festas de flower power com gente gira e ambiente ainda melhor.
Depois de uma tarde muito bem passada na companhia de amigas, com o sol a aquecer o espírito (se bem que com aquelas amigas não era preciso grande aquecimento) havia que planear a noite. Sim, era imperioso sair à noite. Estávamos todas com ordem de soltura, umas mais que outras mas essencialmente estávamos todas cheias de vontade de não ir para casa ou então passar lá o mínimo tempo possível.
Eu conhecia-as a todas (às amigas, bem visto) mas a mana só as conhecia da noite anterior e a empatia entre todas crescia a olhos vistos. Eu que o diga que me choveram mensagens na madrugada de Sexta para Sábado a exigir uma saída para essa noite e eu que nem me atrevesse a aparecer sem a mana poderosa.
Ai a minha vida, já não me bastava a maluca da M, mais a outra maluca da M e a terceira M ainda tinha que as aturar às três juntas a quererem cortejar a minha mana. Eu tinha-a avisado (à mana, claro) que se saísse connosco com aquelas sandálias que a deixavam a flutuar e com umas pernas que nunca mais acabavam as outras ficariam malucas!!!!
A noite de sono tinha sido curta, foram mensagens até de manhã. Praia com as deusas que um pouco de sol faz sempre bem mesmo às divindades. Tudo corria bem até que a primeira começou “Sofia, não ligas à mana?” dizia-me a M. “Sofia, diz-lhe que está um sol maravilhoso na praia” dizia-me outra. Não tive outra hipótese vai de mandar mensagem a dizer “Manina querida, se queres que eu sobreviva a um massacre vem ter aqui à praia”.
“Mas vou aí ter onde?”, perguntava-me ela. A certa altura já era hora de almoço e as malucas das M’s estavam impossíveis de aturar. “Olha vai ter a Cascais e vamos almoçar qualquer coisa na esplanada”.
E lá fomos nós as 4 à espera da poderosa e vaporosa da mana. Ia sobrar para mim, estava mesmo a ver. Meto-me em cada uma.
A tarde foi passada com trocas de piropos e eu a vê-las passar, literalmente!
“Onde vamos jantar hoje?”, perguntou a certa altura a mana que já estava imbuída em todo aquele espírito sedutor… hajam amigas assim, bolas! E ali estivemos uma boa hora até que os pormenores do repasto estivessem todos alinhavados. Não sei como mas a M já se estava a fazer à viagem de Cascais a Lisboa no carro da mana. “Nem pensar”, respondi logo eu já a imaginar que ficava eu apeada porque iam querer ir as três com ela!!!
(isto de serem todas M’s vai correr-me tão mal, haja saúde mental)
E lá saímos todas de Cascais e combinamos que às 22h estaríamos no restaurante. Confesso que terá sido a viagem mais alucinante que fiz de Cascais a Lisboa. Reminder to myself: levar as minhas amigas à terapia, incluindo a mana (ou não, mais um M)!!!!!
Não foi fácil conseguir arranjar-me para o jantar, entre chamadas e mensagens nem as M’s nem a mana me deixavam em paz. Devo ter saído na rifa e não se vislumbra melhoras, já é segunda-feira e o telemóvel continua frenético!!! Tive que pôr ordem no grupo!
O jantar previa-se bem regado e a previsão concretizou-se. A mana escolheu o vinho, afinal para que é que eu quero uma mana gourmet??? A conversa estava bastante animada e eu fazia a ponte entre elas que só se conheciam desde a noite anterior. O problema eram as mensagens, a mana não largava o telemóvel e uma das minhas amigas já estava a ficar perturbada “olha lá, estás aqui a jantar com quatro mulheres maravilhosas e não largas o telemóvel?”, refilava. Eu tentava acalmar os ânimos “deixa estar a miúda, deve estar a atar uns nós que ficaram desatados” disse eu enquanto piscava o olho à mana. E assim foi durante algum tempo até que lhe conseguiram arrancar o telemóvel.
O jantar prolongou-se até tarde, a conversa ia animada e eu nem estava a acreditar que estavam 3 mulheres a tentarem seduzir a minha mana. Não que ela não fosse apetecível porque é… bastante (ai que eu não disse isto) mas estarem as três em espírito de missão para ver quem é que ganhava é que eu não estava nada à espera. A maninha também não deixou os créditos por mãos alheias e foi vestida para matar. Quer dizer, ela foi vestida para ressuscitar até um morto. Ela era costas à mostra, pernas que nunca mais acabavam.
Entre o combinar onde iríamos a seguir e onde se acabaria a noite já era uma da manhã e acabamos por rumar ao Maria Lisboa que tinha uma festa mesmo a calhar “Flower Power”. Entramos as cinco e ficamos logo contagiadas pelo bom ambiente e pela música que nos chamou logo para a pista. A mana não teve mãos a medir, nem mãos nem o resto do corpo porque dançou que se fartou. As idas ao bar também não pararam a noite toda e apesar da mana teimar que queria porque queria beber margueritas teve que se contentar com gins.
Eu comecei a temer pela minha saúde mental, estava rodeada de amigas que tinham sido possuídas. Mas quem é que me iria levar a casa, já estavam todas um pouco impróprias para a condução e eu só pensava quem é que me levaria a casa. Perdi a conta das viagens que a mana ia fazendo a bar acompanhada com uma das M’s, acho que ia uma de cada vez com ela mas confesso que até eu já estava bastante baralhada. O melhor mesmo era começar a pensar em alternativas, vulgo táxis mas depois lembrei-me que não podia deixar a mana entregue às malucas.
Três da manhã e eu já não aguentava com uma gata pelo rabo, a idade não perdoa. Olhava para elas e a energia era tanta que aquela hora os corpos ainda bamboleavam ao som das músicas que iam passando. Chamei a mana e disse-lhe que queria ir embora. Ela olhou para mim (e para o meu ar para lá de morto) e para as M’s. Voltou a olhar para mim e para a pista onde as outras estavam. Ela estava nitidamente a pesar os prós e os contras. Ir ou ficar. Foi à pista e informou que nos íamos embora. As minhas queridas amigas (ler com tom sarcástico) ainda me tentaram demover mas eu já estava para lá Bagdad.
Entre beijos e abraços, uns mais apertados do que outros consegui eu perceber lá se foram despedindo com a promessa (ou ameaça) de que a noite se reperia num futuro muito próximo e eu já sabia que ia sobrar para mim e para o desgraçado do meu telemóvel que se iria ter de aguentar à bronca. Haja bateria!!!
Três e meia da manhã e eu era deixada em casa com um abraço como só ela consegue dar.
(… talvez isto continue... ou talvez não)
* Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência... ou talvez não