Alegoria do comboio - o último episódio (ou não)
Na última referência à alegoria em epígrafe eu disse que ia sair da estação. Estava cansada do entra e sai dos comboios.
E saí, é uma verdade. Mas fui logo atropelada por um carro que ia a passar em alta velocidade. Como é que eu nem me apercebi de onde é que aquele carro vinha. Assim que recuperei do atropelo achei que o melhor mesmo era voltar para a estação, pelo menos ali não seria atropelada!
E lá voltei, com o rabo entre as pernas, a pensar encontrar um banco confortável e ficar lá sossegada a ver os comboios passar.
Devo dizer que os piores comboios são aqueles pelos quais não estamos à espera, aqueles que aparecem de rompante e sem avisar. Pior não no sentido de serem maus mas no sentido de nem nos darem tempo para reagir.
Como é que se faz para evitar esses comboios?? É que quando nos apercebemos já estamos com o pé lá dentro e em perfeito equilíbrio. E pio ainda, como fazemos quando esse comboio já tem uma revisora?? Atiramos a revisora pela janela e fazemos a ocupação do comboio ou saimos de fininho na esperança de que quando o comboio der pela minha falta já esteja longe e não seja possível voltar à minha estação?? Sempre que me senti num comboio assim a opção que tomei foi sempre a segunda. Às vezes penso que devia optar pela primeira mas o medo apodera-se de mim e é sempre a segunda opção a vencer.
Mas o que fazer quando o comboio tem uns faróis lindos de morrer e uma buzina doce?? Não valerá a pena não sair já de fininho e tentar perceber porque é que não hei-de ser eu a ocupar o comboio... afinal foi o comboio que parou na estação, eu não o obriguei a parar... isso deverá contar para alguma coisa.
Seja qual for a opção que eu tomar, atirar a revisora pela janela (confesso que esta ideia me põe um sorriso na cara) ou sair de fininho do comboio, o importante é não me arrepender de nada que faça e mais importante ainda é não me arrepender de não ter feito alguma coisa